O cenário do agronegócio brasileiro em 2025 é de crescimento e transformação contínua, com a tecnologia desempenhando um papel cada vez mais central. O número de pessoas ocupadas no setor alcançou um recorde em 2024, somando 28,2 milhões de trabalhadores, o que representa cerca de 26% das ocupações totais do país. Esse crescimento, impulsionado por insumos, agroindústria e, principalmente, agrosserviços, demonstra a vitalidade do campo e a crescente necessidade de mão de obra qualificada.
O trabalhador rural de hoje está longe da imagem do passado. A transformação digital exige novas habilidades, e a melhoria do nível médio de qualificação dos agricultores é uma tendência forte. As fazendas conectadas não apenas substituem o trabalho braçal com equipamentos de ponta, mas demandam profissionais capazes de operá-los. O conforto e a segurança aumentaram significativamente com a possibilidade de operar máquinas de dentro de cabines, e até mesmo à distância, mas a exigência por especialização e conhecimento tecnológico é maior do que nunca.
A modernização do campo é evidente em diversas frentes. Na safra 2024/2025, por exemplo, a colheita mecanizada de cana-de-açúcar atingiu cerca de 92,4% no Brasil, e no Centro-Sul, essa taxa chega a 98,6%. Isso mostra o avanço contínuo na automação, com o número de colhedoras saltando de 1.221 em 2007/08 para 4.965 atualmente, e essas máquinas estão cada vez mais eficientes.
Além do maquinário, a conectividade é o motor da agricultura 4.0. A Internet das Coisas (IoT) no agronegócio, por exemplo, deve crescer de US$ 11,4 bilhões em 2021 para US$ 18,1 bilhões até 2026. Essa tecnologia permite a coleta de dados sobre umidade, luz e temperatura do solo, monitoramento de saúde animal, otimização de sistemas de irrigação e muito mais, proporcionando tomadas de decisão baseadas em informações precisas. A Inteligência Artificial (IA) também está se disseminando rapidamente, oferecendo previsões climáticas, monitoramento de pragas e doenças, e até mesmo a criação de soluções personalizadas para cada propriedade.
Drones, sensores e sistemas GPS são agora ferramentas comuns na agricultura de precisão, permitindo o mapeamento detalhado do solo e a aplicação exata de insumos. Isso resulta em maior eficiência, redução de desperdícios e impacto ambiental positivo, como a economia de até 70% nas emissões de CO2 por animal em projetos-piloto de IoT.
Diante desse cenário, a qualificação do trabalhador rural é indispensável. Embora dados do Censo Agro de 2017 mostrem um percentual significativo de produtores com baixa escolaridade formal, a demanda por profissionais com habilidades em tecnologia agrícola está em constante crescimento para 2025. Novas funções ligadas à gestão de dados e tecnologia estão surgindo, e a necessidade de habilidades multidisciplinares se acentua.
Iniciativas de capacitação são cruciais. O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) continua sendo uma referência, oferecendo gratuitamente uma vasta gama de cursos de formação profissional rural, tanto presenciais quanto a distância. Essas formações abrangem temas desde o manuseio correto de máquinas até a interpretação de dados de Big Data. Além disso, projetos como o Campo Futuro, da CNA, levam conhecimento e informações para auxiliar os produtores rurais em suas decisões.
Os benefícios de investir na qualificação são notáveis:
Manuseio correto das máquinas: Aumenta a vida útil dos equipamentos e otimiza a performance.
Diminuição de perdas e manutenções: Operações mais eficientes e preventivas.
Menos risco de acidentes: Profissionais aptos a operar com segurança.
Menor rotatividade da equipe: Trabalhadores mais confiantes e valorizados tendem a permanecer.
A tecnologia está redefinindo o agronegócio brasileiro, tornando-o mais eficiente, sustentável e produtivo. Para o trabalhador rural, essa revolução representa a oportunidade de trocar o esforço braçal por um trabalho mais estratégico e especializado. A chave para o sucesso nesse novo panorama é a capacitação contínua, garantindo que os profissionais do campo estejam aptos a utilizar as ferramentas mais avançadas e, assim, impulsionar ainda mais a pujança do setor.
Quais são os maiores desafios para levar essa capacitação tecnológica a todos os trabalhadores rurais do Brasil, especialmente em regiões mais remotas?
Por TVF Telecom / 15 de julho de 2025